Professor, geómetra, arquitecto, pintor, fotógrafo, foi o autor dos livros escolares que moldaram definitivamente a minha entrada na Geometria Descritiva. Foi com os seus livros que aprendi o alfabeto dos pontos, das linhas e dos planos, superfícies e sólidos, intersecções, rotações e rebatimentos.
Mais tarde, já na Faculdade de Belas Artes da U. L., por recomendação do meu professor António Trindade, com quem partilhei o deslumbre pela perspectiva linear plana e uma possível projecção de perspectiva esférica, convidou-me para ilustrar os seus livros.
As pranchas do primeiro livro foram feitas pelo método tradicional, desenhadas a tinta-da-china, com letras decalcadas. A partir do segundo livro, introduzimos a ilustração digital, com sistematização de estilos, blocos de letras para cada um dos elementos geométricos, e manchas de cor.
Os desenhos eram de seguida integrados no seu processo de composição, que não podia ser deixado à consideração da editora, tudo era criteriosamente montado, e mais tarde, revisto sobre as primeiras provas preparadas pela Plátano Editora, onde preenchia com as suas anotações para reenviar à editora.
Recordo com particular carinho uma história sobre os seus próprios estudos de pintura.
Pintei com luz
Na conclusão dos seus estudos de pintura, tinha de apresentar um trabalho final. Utilizou um processo fotográfico para reproduzir o seu trabalho num formato de grandes dimensões. Devido à sua dimensão, teve de revelar e fixar numa tina comprida onde fazia entrar e sair o rolo de papel a uma velocidade constante, para que todas as áreas tivessem precisamente o mesmo tempo de revelação. Na apresentação do trabalho inquiram-no sobre a natureza do processo, pois deveria ser uma pintura.
Ao que ele explicou que, “pintei com luz“.
Forte abraço, com saudades.